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Mostrando postagens de dezembro, 2018
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Remember me Por Fabiane Corrêa Monteiro Era janeiro de 2002. Eu tinha 19 anos e havia descolado um emprego temporário no qual minha função seria fazer o cadastro de moradores de minha cidade para que recebessem o cartão de identificação que o SUS pretendia exigir para que utilizássemos seus serviços. Receberia alguns centavos por formulário preenchido, mas não me importei com isso — para uma garota tímida que já havia ingressado na faculdade e ainda batalhava pelo primeiro emprego, já era alguma coisa. Em meio às andanças que empreendia buscando cadastrar o maior número possível de pessoas, algo recorrente e triste me chamou a atenção: eram os idosos os mais atenciosos, aqueles que sempre me atendiam com um convite para entrar, um pedaço de bolo, uma xícara de café, pois não se importavam com o tempo que teriam a perder comigo, contanto que alguém finalmente pudesse ouvir tudo aquilo que tinham para contar. Havia uma carência muito grande por trás disso, eu sabia, e saber a r...
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John Hughes Forever Por Fabiane Corrêa Monteiro Este artigo é para os amantes da década de 80, como eu. Ignore-o se tiver aversão à década das cores cítricas e das ombreiras gigantes: isso é de menos quando analisamos as músicas e os filmes produzidos na época, mas, se, ainda assim, você insistir em ver apenas aquilo de que não se tem saudade, este texto não é para você. É minha homenagem a John Hughes, o cineasta a que devo, de certa forma, essa minha paixão pelos filmes oitentistas: faço parte da geração que viu alguns de seus filmes já na década seguinte, quando estes eram exibidos à exaustão na Sessão da Tarde. Fui criança na década de 80, pouco me lembro dela. Devo a John Hughes (e aos seres responsáveis pela escolha dos filmes com que tornariam nossas tardes inesquecíveis) minha predileção pela época (e às bandas também, diga-se de passagem, mas isso é uma conversa para outra hora, embora seja inevitável que eu comente neste artigo sobre algumas...). “John Hughes F...
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Sobre a crueldade humana: Dois filmes emblemáticos sobre crimes contra a inocência Por Fabiane Corrêa Monteiro “Sabe, às vezes eu acho que nós três entramos naquele carro. E tudo isso é apenas um sonho. A realidade é que ainda somos aqueles meninos de 11 anos trancados em um porão, imaginando o que as nossas vidas teriam sido se tivéssemos escapado.” Sobre meninos e lobos “Eu tinha 14 anos quando fui assassinada no dia 06 de dezembro de 1973”, reproduzia a postagem compartilhada pela página Adoro Cinema no Facebook, contendo uma foto de uma menina ruiva de olhos claros, Susie Salmon, a narradora-protagonista de um filme a que, dentro de algumas horas, seria apresentada, Um olhar do paraíso. Foi uma frase certeira: do trailer pulei ao filme naquele mesmo dia. No longa, a menina caminha em direção a sua casa quando é atraída por um vizinho até um lugar que havia preparado especialmente para matá-la. Depois disso, temos toda a reviravolta que a crueldade de seu assassina...