Aqui é meu lugar

Por Fabiane Corrêa Monteiro

“Quando você cresce, seu coração morre”
O clube dos cinco

Finalmente assisti, esses dias, ao filme Aqui é meu lugar, longa que há muito vinha procurando por conta de rumores que sempre ouvira acerca do visual do protagonista vivido por Sean Penn, Cheyenne, mais um personagem do cinema que teria sido inspirado em Robert Smith, o cara à frente da banda que para sempre terá um lugarzinho reservado em meu coração, The Cure.
O filme conta a história de um astro do rock que, após a morte de seu pai, com quem não falava há trinta anos, decide seguir aquele que havia sido seu maior objetivo na vida:  encontrar o homem que havia sido seu algoz nos campos de concentração de Auschwitz, durante a Segunda Guerra. CONTÉM SPOILER Nesta viagem, no entanto, além de encontrar aquele por quem seu pai tanto procurara, ele também encontra a si mesmo, o homem por trás de seus cabelos desgrenhados, de suas roupas pretas, de seu rosto maquiado.

Sean Penn, vivendo um excêntrico astro do rock no filme Aqui é meu lugar

As semelhanças são múltiplas, para além do visual: assim como Robert Smith, o músico vivido por Sean Penn também é casado há muito tempo com a mesma pessoa, também optou por não ter filhos, também é conhecido por ter composto canções tristes e melancólicas, também teve fãs que cometeram suicídio, também deu ênfase ao baixo em suas composições. Além disso, eu não pude deixar de notar em Cheyenne o jeito de andar e falar do líder do Cure.

Robert Smith, o líder do Cure

Talvez por essa proximidade com um velho conhecido, tenha cometido um erro: afeiçoar-me ao personagem, enquanto acompanhava sua trajetória em busca da reparação que seu pai tanto havia procurado em vida; afeiçoei-me, e não consegui vê-lo partir quando sua jornada chegou ao fim: CONTÉM SPOILER Cheyenne já não era o mesmo, havia abandonado o seu visual característico, ou seja, havia crescido, e o menino que se maquiava havia ficado para trás, pois finalmente havia se tornado um homem maduro.

Foi difícil, ainda não consegui digerir esse desfecho; para mim, que continuasse um menino, o mesmo menino que Robert Smith recusa-se a deixar de ser, tocando há 40 anos com o mesmo visual que sempre o caracterizou. Se crescer significa perder a essência, que todos continuemos crianças.

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