As sociedades distópicas da Literatura e do Cinema
Por Fabiane Corrêa Monteiro
Num futuro pós-apocalíptico, problemas como a escassez de recursos fazem com que tenhamos de lutar pela nossa própria sobrevivência. O enredo certamente lhe é familiar: você pode nunca ter lido algo a respeito, mas certamente já deve ter visto algum filme cujo enredo centrava-se na luta de um ou mais indivíduos pela própria sobrevivência no mundo que restou após um grande colapso ou a ascensão ao poder de um ditador, que tudo controla e tudo observa. Os motivos apontados em cada obra para isso ter acontecido são variados, mas algo é comum a todas: mostram-nos as atrocidades de que o ser humano se torna capaz em estados de recessão, ou as atrocidades de que são capazes aqueles que detêm o poder porque querem nele permanecer.
Primeira Parte: No cinema
Muitos são os filmes que levaram às telas sociedades distópicas, mas Mad Max talvez tenha sido a série de longas que melhor tenha representado esse mundo pós-apocalíptico. No primeiro da franquia, de 1979, Mad Max (Mel Gibson) é um policial rodoviário que busca vingar a morte de seu filho e de sua esposa, assassinados por uma gangue de motociclistas que assombrava as estradas de um mundo já decadente dominado pela criminalidade. Na sequência, de 1981, em uma terra devastada por uma guerra de proporções gigantescas por petróleo, entre as grandes potências, Mad Max (Mel Gibson) é um herói solitário que cruza os desertos em busca de gasolina, uma substância já escassa pela qual as pessoas estão dispostas a matar e morrer.
No terceiro, de 1985, Mad Max (Mel Gibson), que segue sua peregrinação, é roubado e tenta recuperar seus pertences junto ao povoado para o qual haviam sido levados, mas não consegue cumprir sua parte no acordo que havia feito para recuperá-los com a líder local (Tina Turner). Sendo abandonado no deserto, é resgatado por uma comunidade primitiva que vivia na região. Sobreviventes de um acidente de avião, esperavam que Mad Max fosse o comandante que os levaria de volta para casa. Max lhes deixa claro não ser quem esperavam que fosse, mas ironicamente é quem realmente acaba ajudando-os a partir. No quarto e último, de 2015, Mad Max (Tom Hardy) também acaba por prestar auxílio a um grupo em perigo, o grupo que fugia de um líder tirânico em um caminhão tanque, na Estrada da Fúria, junto à Imperatriz Furiosa (Charlize Theron). Em todos, o pior cenário possível e a luta desenfreada pela sobrevivência.
Outros filmes que se passam em sociedades distópicas, além do usual retrato de uma sociedade decadente, trazem, ainda, o embate entre o homem e a máquina, em um futuro distante em que estaríamos vivendo entre robôs. Blade Runner, de 1982, neste caso, talvez seja o seu maior representante: neste longa, os robôs criados à nossa imagem e semelhança, após um motim, são banidos para colônias extraterrestres; aqueles que retornam para a terra são caçados e desativados por policiais, policiais como Rick Deckard (Harrison Ford), o protagonista, que deverá dar fim a um grupo de replicantes que retornara ao planeta de modo ilegal. Na sequência de 2017, é um replicante que trabalha como blade runner (Ryan Gosling) para a Polícia de Los Angeles, recebendo uma missão secreta relacionada a Rick Deckard (Harrison Ford), o caçador de androides sumido há 30 anos.
Em ambos, os robôs parecem tão humanos quanto cada um de nós: no primeiro, tudo que aquele grupo de replicantes quer é ter mais um tempo de vida, e Rachael (Sean Young), a replicante por quem Rick Deckard estava apaixonado, chora ao descobrir que suas memórias foram implantadas, já que até então acreditava ser uma humana; no segundo, K (Ryan Gosling) também fica chateado ao descobrir que suas memórias não eram verdadeiras, porque havia chegado a acreditar ser o filho procurado de Rachael e Rick Deckard, tamanho era seu desejo de filiação. Robôs dotados de vontade própria e sentimentos humanos, em um futuro catastrófico no qual viveríamos sob a ameaça da própria tecnologia avançada que criamos.
Em tempo, a história é baseada no livro Do androids dream of electric sheep?, de Philip K. Dick, que ainda não tive a oportunidade de ler.
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