Postagens

Imagem
  Segunda Parte: Sociedades distópicas na Literatura Por Fabiane Corrêa Monteiro Em uma sociedade distópica, acidentes nucleares somados à poluição e à contaminação das águas fazem com que boa parte das mulheres se tornem inférteis. As férteis, se declaradas como adúlteras pelo regime, são recrutadas para que gerem filhos a casais mais abastados, as aias, que vivem como prisioneiras, submetendo-se a humilhações. Este é o enredo da obra O conto da aia, da escritora Margaret Atwood.  Os absurdos a que pouco a pouco vamos sendo apresentados por uma destas aias, a narradora, tornam-nos testemunhas de todo tipo de violação aos direitos humanos, especialmente das mulheres: Offred, a narradora-protagonista, começa tendo seu dinheiro confiscado, seu emprego roubado; separada de sua filha, torna-se aia e tem  seu nome modificado — os nomes que passavam a ter tinham relação com a família à qual passariam a servir, numa relação de posse, acrescentando-se a preposição of (de) ao prim...
Imagem
  As sociedades distópicas da Literatura e do Cinema Por Fabiane Corrêa Monteiro Num futuro pós-apocalíptico, problemas como a escassez de recursos fazem com que tenhamos de lutar pela nossa própria sobrevivência. O enredo certamente lhe é familiar: você pode nunca ter lido algo a respeito, mas certamente já deve ter visto algum filme cujo enredo centrava-se na luta de um ou mais indivíduos pela própria sobrevivência no mundo que restou após um grande colapso ou a ascensão ao poder de um ditador, que tudo controla e tudo observa. Os motivos apontados em cada obra para isso ter acontecido são variados, mas algo é comum a todas: mostram-nos as atrocidades de que o ser humano se torna capaz em estados de recessão, ou as atrocidades de que são capazes aqueles que detêm o poder porque querem nele permanecer.   Primeira Parte: No cinema Muitos são os filmes que levaram às telas sociedades distópicas, mas Mad Max talvez tenha sido a série de longas que melhor tenha representado ...
Imagem
  Quatro títulos para que recordemos a vocação que um dia todos tivemos para sonhar Por Fabiane Corrêa Monteiro Em um certo aniversário, tendo reunido alguns de meus familiares em comemoração, dei a meu sobrinho e afilhado, ainda criança na época, os balões com que havia decorado minha casa, para que ele brincasse. “Fiquei rico de balão!”,  disse-me o Gabriel, o que bastou para que inevitavelmente fosse transportada à infância, quando somos tão inocentes que balões e brinquedos bastam para que nos consideremos ricos. Um balão a um adulto pode não passar de um artefato decorativo, a ser descartado assim que terminar a festa.  À criança, é muitas vezes o que basta para que dê corda em sua imaginação a um mundo de sonhos. Quando brincava com as minhas bonecas, criava-lhes  inúmeras histórias; quando brincava de escolinha, dava aula a inúmeros alunos imaginários. Uma pilha de tijolos na calçada tornava-se um palco para apresentações, e com tijolos enfileirados no chão, d...
Imagem
Beleza oculta Por Fabiane Corrêa Monteiro Outro dia vi que a televisão aberta reprisaria Beleza oculta, o filme em que um publicitário interpretado por Will Smith, atormentado pela morte de sua filha, passa a escrever cartas à Morte, ao Tempo e ao Amor, cobrando-lhes respostas pelo que se sucedera.  Will Smith em cena do filme Beleza oculta Estranho como, cada vez que assistimos a um mesmo filme, atentamos para detalhes que antes nem havíamos notado. Desta vez, não foi o personagem interpretado por Will Smith que prendeu minha intenção, foi a personagem secundária interpretada por Kate Winslet, a colega de trabalho do protagonista que tenta ser mãe e sente que seu tempo está se esgotando. “Eu decidi ir contra a ciência e parece que o tempo finalmente me alcançou”, diz ela ao garoto que no filme representa o Tempo (Jacob Latimore). Jacob Latimore contracenando com Kate Winslet em cena do filme ...
Imagem
  (500) Dias com ela, que não estava tão a fim de você Por Fabiane Corrêa Monteiro 2009 foi o ano em que duas excelentes comédias românticas foram lançadas, fazendo-me lançar um olhar mais demorado sobre um gênero cinematográfico que julgava até então um tanto ruim: (500) Dias com ela e Ele não está tão a fim de você, ambos de certa forma um convite a refletirmos sobre o amor nestes tempos líquidos, de pouco envolvimento e de sentimentos tão voláteis.   “Esta é a história de um rapaz que conhece uma moça, mas você tem que saber de antemão que esta não é uma história de amor”, já somos advertidos tão logo tem início a trama do primeiro, e assim somos apresentados a um rapaz chamado Tom Hansen ( Joseph Gordon-Levitt) , que vive uma história de amor não correspondido, triste sina daqueles que nestes tempos ainda ousam se apaixonar, quando os valores exaltados pregam que não nos apeguemos a quem quer que seja. Summer Finn (Zooey Deschanel) , a garota por quem Tom havia se ap...
Imagem
Brilho eterno Por Fabiane Corrêa Monteiro "Como é imensa a felicidade da virgem sem culpa. Esquecendo o mundo e pelo mundo sendo esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças ! Cada prece é aceita, e cada desejo realizado." Alexander Pope   Existe um lugar dentro de nós em que vivem todas as lembranças que não gostaríamos de ter guardado; um lugar onde, conscientemente ou não, nós as escondemos, porque são dolorosas: trazem culpa ou arrependimento, remetem a traumas e a frustrações. O esconderijo, no entanto, é falho: basta um gatilho para que acessemos essas memórias que em vão, conscientemente ou não, tentamos esconder, e dias ruins ressurgem com se os estivéssemos vivendo novamente. E se a Ciência  nos concedesse a possibilidade de apagarmos de nossa memória passagens tão doloridas? E se a Ciência descobrisse um método que nos fizesse esquecer definitivamente as recordações que n...
Imagem
  Cinco obras para conhecer o cineasta indiano M. Night Shyamalan Por Fabiane Corrêa Monteiro Sinais Houve quem não gostasse deste filme de M. Night Shyamalan, talvez porque esperasse uma grande invasão alienígena ao estilo Independence day, já que os sinais, os agroglifos  encontrados em grandes plantações cuja origem é atribuída a extraterrestres, eram evidentes. É que Sinais não é exatamente um filme sobre ETs, é um filme sobre a dificuldade de mantermos a fé quando submetidos a provações: tem início quando uma morte trágica ocorre fazendo com que o protagonista, vivido por Mel Gibson, um religioso, questione suas próprias crenças.  A vila Outro filme que causou um certo desapontamento na época de seu lançamento, mas desse não sei dizer exatamente  o porquê. A história se passa em um pequeno vilarejo, no qual os moradores vivem isolados, sem contato com o mundo exterior, considerado violento e hostil. Há um bosque que os separa deste mundo tão hostil, e nele há cr...